Resenha: “Baterias de Emergência” e a consolidação da Daparte no cenário atual
Reprodução: Rafaela Urbanin
A arte é um desafio desde seus mínimos detalhes, até por sua disponibilização. Com várias pedras no caminho, ela pode se tornar ainda mais difícil ao trabalhar em grupo – e é um pouco disso que a Daparte traz em algumas das reflexões de Baterias de Emergência.
O terceiro álbum da banda formada por Juliano Rosa (voz e guitarra), Bernardo Cipriano (voz e teclado), Daniel Crase (bateria), João Ferreira (voz e guitarra) e Túlio Lima (voz e baixo) foi lançado na noite da última quinta-feira (17/10), trazendo uma consolidação do estilo lírico do grupo, que nunca teve medo de novas experimentações.
Composto por 10 faixas, Baterias de Emergência foi previamente apresentado ao público com os singles “Meus Poucos Amigos” e “Belo Horizonte” – que contém a participação especial de Ana Caetano (ANAVITÓRIA).
O TMDQA! ouviu o projeto antecipadamente, e a seguir você confere alguns dos destaques da obra!
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Crescimento e mudanças
Não pense que você ouvirá mais do mesmo apresentado em Fugadoce (2021). Em Baterias de Emergência, vemos uma banda que transborda reflexões sobre a indiferença, o tédio, a ansiedade e a decadência da empatia no planeta sob o olhar de um jovem adulto.
A partir das vivências recentes do quinteto, João comenta um pouco sobre essa perspectiva:
“A maioria das músicas foram feitas em uma época que a banda estava vivendo um período de novos momentos e que mudou muito nossa convivência, principalmente pelo fato de eu ter mudado para São Paulo. O disco fala muito dessa solidão, desse novo paradigma, da fase de vida adulta com novos problemas e desafios. Ao mesmo tempo também [há] a esperança de que a música vai trazer novas perspectivas e horizontes. Ser jovem no Brasil, hoje, é ao mesmo tempo frustrante e empolgante, porque o futuro é tenebroso, mas não temos outra coisa a não ser ele pela frente e esse disco transmite essa sensação de lutar contra o pesadelo sonhando.”
Flertando com o indie rock e enfrentando tais visões do mundo, também vemos essa transmissão com a capa do projeto. A fotógrafa Rafaela Urbanin, responsável pelo clique, diz que o registro implica especialmente na vulnerabilidade e fragilidade de estar quase se afogando, ao mesmo tempo em que demonstra uma paz que flerta com a conformidade, resumindo o que é ser jovem no mundo.
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Daparte e a ousadia do novo álbum
Reprodução: Rafaela Urbanin
Essas reviravoltas não afastaram o quinteto em nenhum momento. Ousando experimentar novos desafios na música, a Daparte escreveu e produziu o projeto por inteiro.
Revolucionando o catálogo anteriormente apresentado, Ferreira complementa dizendo sentir que o disco é bastante indie por caminhar por vários lugares inusitados e displicentes. Se tivemos a chance de ouvir baladas como “Belo Horizonte”, também somos surpreendidos com faixas como “Notas Sobre o Mal Humor” – responsável por abrir o disco.
Com um forte swing e um riff envolvente de baixo, é um exemplo claro da viagem que o ouvinte terá ao explorar essa nova era. Além disso, é claro, fica perceptível a contínua admiração pela banda inglesa The Last Shadow Puppets, uma influência marcante no trabalho da Daparte que é explicitamente demonstrada em “Lâmina Cega”.
Baterias de Emergência é um ultimato do trabalho da Daparte
A nova fase da Daparte comprova que o trabalho de anos da banda valeu a pena. O grupo, que era um forte nome do cenário independente mineiro, agora se consolida em uma nova fase que é celebrada por eles – e felizmente por nós!
Baterias de Emergência é um relato íntimo, mas também um agradecimento pelas fases da vida. Apesar das angústias, vemos um mergulho dos integrantes ao irem dos extremos da solidão ao sexo.
Para comemorar a nova fase, o quinteto também levou Baterias de Emergência para
mais perto dos fãs. O show de estreia aconteceu no sábado, dia 19 de outubro, na
Casa Rockambole, em São Paulo (SP).
Já o segundo será apresentado no dia 29 de novembro, no Sesc Palladium, em Belo Horizonte (MG). Por fim, Daparte fechará a sequência de shows no dia 01 de dezembro, no Agyto, no Rio de Janeiro (RJ).
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