Ao TMDQA!, Courtney LaPlante explica como traduz a influência do Pop e do Rap no Metal do Spiritbox
O dia 30 de Novembro de 2024 será histórico para os fãs do Metal Moderno no Brasil. Neste sábado, o Allianz Parque, em São Paulo, receberá o maior show solo da carreira do Bring Me The Horizon, que também escolheu convidados especialíssimos para fazerem parte desta festa – incluindo o Spiritbox, uma das grandes revelações dos últimos anos.
A banda liderada por Courtney LaPlante fará sua estreia no Brasil, assim como o The Plot In You, também parte do line-up do final de semana. Quem completa a escalação é o experiente Motionless In White, que dá um tom mais pesado para esse evento que vai mostrar por que a nova geração veio tão forte.
A estreia do Spiritbox, no entanto, realmente é um evento à parte. Quando lançou seu disco Eternal Blue, em 2021, o grupo foi eleito Artista do Mês aqui no TMDQA! e, de lá pra cá, são várias novidades – e muito tempo na estrada.
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Courtney LaPlante, do Spiritbox, fala com o TMDQA!
Ainda que tenha divulgado os EPs Rotoscope em 2022 e The Fear of Fear em 2023, o Spiritbox só vai lançar o sucessor efetivo de Eternal Blue em 2025. Recém-anunciado, Tsunami Sea ganhou ótimas prévias com “Soft Spine” e “Perfect Soul”, música que terá sua estreia ao vivo no Brasil, segundo a própria Courtney LaPlante.
Em entrevista com o TMDQA!, a vocalista trouxe não apenas este spoiler do setlist, mas também sobre o retorno de algumas raridades ao repertório, incluindo “Blessed Be”, uma das mais queridas pelos fãs. Ao portal, ela explicou que a faixa costuma ficar de fora devido à sua duração, algo que não será uma preocupação no Brasil – o show terá 1 hora de duração, conforme ela própria afirmou.
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A influência do Pop no Metal do Spiritbox
O que as duas faixas têm em comum é uma sonoridade única, que passou a ser marca registrada do Spiritbox. Quando conversou conosco há três anos, Courtney não escondeu que sua banda tinha influências que iam desde grandes nomes do Metal até o Pop, citando nominalmente Ariana Grande como um exemplo.
Agora, ela explicou em mais detalhes como essa influência é traduzida e como ela poderá ser percebida em Tsunami Sea, além de destrinchar a importância de ter músicas tão diferentes dentro do mesmo álbum, como é o caso dos singles lançados até agora:
“Imagine se a Lady Gaga só fizesse músicas dançantes e nunca tivesse feito uma balada? Ou, sei lá, se o Kendrick Lamar só fizesse diss tracks e nada divertido ou que mexe com o coração. Ou se a Doja Cat só fizesse rap, sem nunca cantar. Eu acho que o [Metal] é um gênero tão binário; eu sinto que as pessoas talvez tenham medo de ser vulneráveis. E eu entendo, não vai ter uma música do Spiritbox sobre ir pra festa na boate. […] Mas acho que grande parte da música que fazemos é para expressar nossas emoções, então vocês sempre podem esperar que a gente faça o que der na telha, porque nós somos uma banda confusa. Sabe, se você ouvir três músicas aqui e três músicas lá, você pode pensar que são bandas totalmente diferentes.
Nós amamos produção. Nós amamos aprender a fazer uma música soar da melhor forma possível e da forma mais interessante possível. E muitas das pessoas que ligam pra isso, ou que mostram que ligam pra isso, são produtores do Pop. Duas coisas que eu amo são os ‘ad-libs’ e as camadas de harmonia de voz, e é por isso que eu amo ouvir pessoas que são excelentes cantoras, que podem cantar muito mais alto e mais baixo do que eu. Eu amo ouvir suas camadas de harmonia, e eu ouço isso majoritariamente no R&B e no Pop; não é algo que ouço com muita frequência no Metal.
Nós temos muita inspiração no Pop e no R&B para esses elementos de produção. É algo mais nerd do que só dizer tipo, eu gosto das músicas da Ariana Grande. [risos] Mas sabe, eu sou a maior fã da Beyoncé, e não me soa correto dizer que eu tenho influências de Beyoncé nas nossas músicas novas. Mas o que me influencia é que o último álbum dela, o ‘RENAISSANCE’, foi feito de uma forma que uma música flui até a outra. E ‘The Fear of Fear’ é assim. A outra coisa é que ela tem também essas camadas vocais maravilhosas e essa produção legal demais.”
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Megan Thee Stallion inspirou performances de Courtney LaPlante
Essa influência, inclusive, se estendeu até uma colaboração improvável: já são duas músicas lançadas em parceria entre o Spiritbox e Megan Thee Stallion, ícone da nova geração do Rap. A primeira foi um remix pesado de “Cobra”, que levou a um feat propriamente dito em “TYG”, faixa inédita lançada em Megan: Act II.
Courtney aproveitou a oportunidade para destacar o impacto de seus aprendizados com Megan na banda:
“Megan Thee Stallion me inspirou a simplesmente ser eu mesma no palco. Isso e a forma como ela interage com os fãs. Ela os ama demais, de maneira muito querida, e ela está completamente confortável pessoalmente com eles, deixando isso muito claro pra eles e fazendo eles se sentirem parte do show. Então, sabe, não é como se eu fosse fazer um Rap a qualquer momento [risos] mas eu me inspiro pela forma como ela se apresenta ao vivo, como ela simplesmente é ela mesma.
Ela não se importa o que alguém que não é fã pensa sobre como ela se mexe no palco, e eu quero ser assim também. Quando eu fui ao show dela e pude conhecê-la, a forma como ela tratou todos os fãs foi uma inspiração pra mim, porque eles estavam tendo o melhor momento da vida deles. Foi incrível.”
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Spiritbox no Brasil
Nesse sentido, Courtney LaPlante ainda tem que lidar com alguns preconceitos intrínsecos ao mundo do Metal. Quando perguntamos sobre o bom momento do gênero no que diz respeito à diversidade dos fãs, a vocalista deixou claro que enxerga duas vertentes – uma mais conservadora e uma que tenta caminhar para outra direção, lado no qual ela se encaixa.
Por conta disso, a cantora explica que há shows em que se sente mais confortáveis do que outros, e a boa notícia para os fãs é que o ambiente não poderia ser melhor no contexto da estreia no Brasil:
“Nesse show com o Bring Me The Horizon, eu me sinto confortável em ser eu mesma. Eu me sinto confortável em ser uma pessoa feminina sem medo algum, e ser uma pessoa masculina em alguns momentos, e todos nós podemos nos expressar com todas as formas de gênero. […] Parece que, para cada pessoa conservadora no Metal, tem uma parte muito divertida, artística, empolgante da música pesada, que são todas essas pessoas que nunca encontraram um lugar antes. Pessoas que talvez iriam a um show e não sentiam que poderiam se vestir como querem se vestir porque alguém poderia zoar delas, ou pessoas que poderiam perceber que são as únicas da sua cor ali, ou que são a única mulher ali, ou que são a única pessoa trans ali, agora estão encontrando essas outras pessoas que não querem a visão tradicional dentro da nossa comunidade.
Então, como eu disse, com essas bandas desse show, eu sinto que posso ser eu mesma perto dos fãs deles. Sinto que poderei olhar para a plateia e ver uma grande diversidade de pessoas, e tipo, não ter diversidade é muito chato! Eu adoro olhar para essas plateias e ver todo o espectro da humanidade nelas, ver as mulheres na plateia, ver os jovens na plateia. Eu amo. É muito inspirador pra mim.
E eu sou muito grata por tocar para os fãs do Bring Me The Hoirzon, porque eu daria tudo para que esses fãs gostem da minha banda também. Eles são tão legais e tão cabeça aberta. Eu me sinto honrada de tocar pra eles, toda vez. Me empolga muito.”
O Spiritbox será a segunda atração deste sábado no Allianz Parque, com show marcado para as 17h50 e Courtney já nos fez uma promessa no final da entrevista:
“Eu vou me comportar tão bem. Eu vou dormir, eu não vou ficar falando. Eu não vou sair pra fazer nada. Eu vou só pro meu hotel, vou dormir e não vou falar com ninguém, porque eu quero que esse show seja o melhor. Eu só vou comer o tempo todo!”
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