CIDADE PARTIDA: A Resistência Afro do Subúrbio Carioca! ENTREVISTA!

há 1 semana 9

Crias da zona oeste carioca a banda Cidade Partida é uma das atrações da 22ª edição do Rockarioca Convida, (19/06), no La Esquina (Lapa/RJ). Na ocasião a banda dividi o palco com a cantora Micah. Cidade Partida é um octeto que mistura rock e MPB com cultura africana, afro diaspórica e afro-brasileira. Rock Press conversou com a Cidade Partida na Coluna 1,2,3,4…

ENTREVISTA: Michael Meneses!
FOTOS: Divulgação

Conforme aviamos anunciados em nossa resenha dos shows das bandas Virias Fatal e Muzgo na última edição do Rockarioca Convida (leia aqui), a edição de junho do Rockarioca Convida excepcionalmente será na 3ª quinta-feira do mês. E, dessa vez, a zona oeste da cidade do Rio de Janeiro marcam presença com o show sempre impactante da cantora Micah, que vem de Sepetiba apresentando um som que mescla MPB com rock setentista e da banda Cidade Partida (foto). O Rockarioca Convida acontece no sempre aconchegante La Esquina.

Em atividade desde 2023, a Cidade Partida é uma banda independente do bairro de Campo Grande, em sua formação, os músicos; Brenno Honaine, Genesis Chagas, Luan VillaNova, Maju Lacaille, Pi, William Lima, Oklin Rimador e Renzo Vivano.

Seu primeiro single foi “Trovoada”, e entre as influências da banda, a soma de variados gêneros e ritmos musicais emergidos e/ou influenciados pela cultura africana, afro diaspórica e afro-brasileira. Um manifesto em ideias e versos sobre as vivencias de desigualdades socioespaciais, do povo trabalhador, majoritariamente negra e, historicamente, invisibilizada, negligenciada e silenciada no país.

Aproveitamos o show no Rockarioca Convida para um papo na Coluna 1,2,3,4… do Rock Press com essa resistência artística da Zona Oeste chamada de Cidade Partida!

1 – Michael Meneses / Rock Press: A banda é um dos novos nomes da cena underground da zona oeste carioca. Conta um pouco da história de vocês (discografia, formação, shows…) aos leitores da Rock Press:

Cidade Partida – A banda emergiu no início de 2023, quando um grupo de amigos começou a se reunir toda semana para trabalhar nos arranjos de músicas que já vinham sendo compostas por dois dos integrantes. A ideia inicial era bem direta: ser a banda de apoio pros projetos autorais do Luan VillaNova e do Renzo Vivano. Cada projeto tinha sua linguagem própria, seus timbres, e a formação da banda ia se moldando pra evidenciar essas diferenças. Mas com o tempo — e com a urgência de falar sobre temas que atravessam nosso cotidiano, como a mobilidade urbana precária, a violência e o racismo estrutural — a união dos projetos virou necessidade. A insatisfação se transformou em música, e daí nasceu de fato a Cidade Partida. O nome foi uma sugestão do nosso baterista e vocalista Genesis Chagas, ainda nos primeiros ensaios. E fez muito sentido: a expressão fala direto sobre essa cidade cortada, dividida por desigualdades sociais, econômicas e geográficas — algo que está no centro da nossa vivência e, naturalmente, da nossa identidade artística.
Nosso primeiro show rolou no dia 18 de março de 2023, no evento Casa Bosque Convida. De lá para cá, não paramos mais. Já em 2024, a banda cresceu: o William Lima chegou somando nas percussões e a Maju Lacaille entrou nos vocais, trazendo novas camadas e mais potência para o som que a gente vinha desenvolvendo. E, pode esperar que vem novidade na formação também.

2 – Rock Press: Com esse nome e sendo a banda do subúrbio carioca, como estão acompanhando a atual cena independente? Quais os pros e contras do cenário atual?

Cidade Partida – A gente acompanha a cena de forma muito viva e direta. Estamos na rua, produzindo e colando nos eventos, estamos nos palcos com outros projetos independentes e sempre ligados no que rola online — acompanhando páginas, portais e perfis que fortalecem a música autoral, especialmente de artistas que, assim como a gente, estão na correria, fazendo acontecer. Os prós são muitos: conhecer lugares novos, ocupar espaços — tanto os já tradicionais quanto os que estão surgindo —, fazer trocas reais com outras bandas e artistas, e ter a chance de compartilhar nossa visão com um público que, quando se identifica, realmente fortalece, apoia e constrói junto. Mas claro, tem os desafios. A gente é de Campo Grande, na Zona Oeste do Rio, então a distância pesa — principalmente quando falamos de eventos mais centralizados. Além disso, nem todos os espaços têm estrutura para receber uma banda com a nossa formação: somos nove no time, oito no palco. Isso exige cuidado com som, logística… E ainda tem a questão da desmobilização em algumas regiões — rola evento bom, entrada acessível, mas o público às vezes não se movimenta.

3 – Rock Press: Ainda pensando na zona oeste carioca. Quais bandas vocês têm acompanhado nas regiões periféricas do Rio de Janeiro?

Cidade Partida – A Zona Oeste é um verdadeiro celeiro artístico — tem muita coisa potente nascendo e crescendo aqui. A gente se inspira e troca ideia com vários artistas da região que estão movimentando a cena de forma muito autêntica. Alguns nomes que a gente acompanha de perto e admira muito: Crizin da Z.O., Jeza da Pedra, Varandão, Luquimia, Pretos Novos, Micah, Mandacaru, Contracultura… É muita gente talentosa fazendo som com verdade. E esse movimento não acontece só aqui — também temos acompanhado artistas e bandas de outras áreas periféricas, como a Zona Norte e a Baixada. Bandas como Gente, Omi Okun, Trama e Ondapesa estão fazendo trabalhos lindos, com propostas muito próprias e ao mesmo tempo conectadas com as urgências do agora. É bonito ver como essa rede de artistas independentes vem se fortalecendo, mesmo com todos os desafios.

4 – Rock Press: Segundo o release da banda, o som de vocês traz influências da cultura africana. Falem a respeito…

Cidade Partida – Em desacordo com a perspectiva reducionista de definir as bandas por meio de um gênero musical, a gente se orienta – preferencialmente – pelas influências, que são muitas e múltiplas. Fato é que a banda é uma amálgama de referências musicais distintas em que a linguagem rítmica afro centrada se estabelece como pilar involuntário das composições e arranjos, tendo em vista a presença de ritmos africanos, como o ijexá, barravento, Congo de Ouro e Opanijé. Ademais, a presença da cultura africana na nossa sonoridade não é “obra do acaso”, afinal, somos uma banda majoritariamente negra, tal qual o Brasil, cuja influência da cultura africana e afro diaspórica é inegável, incluindo nessa miscelânea o funk, o samba, rap, etc. Até mesmo o que tentaram embranquecer ao longo do tempo, como o próprio rock, que também tem seu lugar demarcado no “diálogo musical” que a gente humildemente tenta promover. Em conformidade com o pensamento de Fela Kuti, que profetizou que “a música será a arma do futuro” (e que em muito nos influencia para além do Afrobeat), para nós, manter viva essa contribuição cultural africana é quase um dever no ato revolucionário que é fazer música.

5 – A banda é uma das atrações da próxima edição do Rockarioca Convida. O que  podemos esperar desse show é deixe uma mensagem aos leitores da Rock Press…

Cidade Partida – Terminamos a turnê de lançamento do nosso single chamado “de Janeiro” na semana passada, e para quem não pôde estar em nenhuma das últimas datas, poderá ter um gostinho de como foi, além de novidade na formação, no repertório e tudo mais. Junto desse single, o show também inclui músicas do nosso EP (“Missão de Galo”) – que sai ainda esse ano – e algumas surpresinhas, imprevisíveis (às vezes até pra gente mesmo) e improvisadas. Fora isso, é colar no Rockarioca Convida para ver o que acontece, quem brotar verá!
Aproveitamos o ensejo para fazer o clamor aos leitores e leitoras da Rock Press: apoiem de todas as formas possíveis as bandas/artistas independentes do underground, seja comprando merch, indo aos shows, divulgando, indicando, etc. Todo apoio fortalece e tem sua devida importância!

Rockarioca Convida – 22ª Edição

Além da Cidade Partida outro importando nome da cena musical independente da zona oeste do Rio de Janeiro sobe ao palco do La Esquina nesta edição do Rockarioca Convida, falamos da cantora e compositora Micah.

Com influências do rock brasileiro dos anos 70 e referências do Rock Alternativo e Psicodélico. Micah segue em atividade na música desde 2018. Cria do bairro de Sepetiba, sua discografia teve início com o EP “Plantas no Fundo do Aquário”. Com ele, shows pelo circuito underground carioca, chegando a dividir palco com a multiartista Letícia Novaes (LETRUX).

Em seguida vieram, os EP’s “Período Fértil” (2019) e “Nada Ficou (ou Espelho)” (2021) e os singles “Contatos Imediatos” (2020) e “Eu Não Sei Nadar (Remix DJ MixXxuruca)” (2022). Já em fevereiro de 2023, participou da faixa “Porto”, que integra o álbum “Badoque” de dossel. Em abril, parceria com o compositor Paulo Domingues em “Tátil Perigo”, single com clipe disponível no YouTube. E, em 2024, veio “Maracanã”, parceria com o músico e compositor Marcos Gabriel Faria.

Para o show no Rockarioca Convida, Micah deve apresentar, além de canções desses seus sete anos de carreira, a música “Guaratibana”, seu novo single. Conheça Micah!

Recomendamos…

Aos leitores da Rock Press a sugestão de prestigiar a edição de junho do Rockarioca Convida, que não cansamos de reconhecer como uma importante iniciativa ao underground do Rio de Janeiro promovido pelo Coletivo Rockarioca e do músico, produtor e DJ Pedro Serra. Conversamos com ele na coluna 1,2,3,4… (leia aqui).

Também destacamos a importância dessa edição do evento, pelo fato de incluir dois nomes representativos da cena musical não apenas da zona oeste, mas do subúrbio do Rio, ao qual não podemos nunca esquecer da Baixada Fluminense e zona norte carioca. Prestigiem os shows, é o que #Recomendamos! – Michael Meneses!

CONTATOS CIDADE PARTIDA:
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INSTAGRAM: https://www.instagram.com/cidade_partida
BANDCAMP: www.cidadepartida.bandcamp.com/  
SPOTIFY: https://open.spotify.com/intl-pt/artist/1n4y6vjZS5AGewCMCMzU85?si=BrRt02z-QiqCz1lMrfunxA


Rockarioca Convida (22ª edição)

SERVIÇO:
ATRAÇÕES: Micah + Cidade Partida
LOCAL: La Esquina – Av. Mem de Sá, 61 – Lapa – RJ/RJ
DATA: 19 de junho de 2025 a partir das 19h30. (1º show 20h30 e festa 23h)
INGRESSOS: Antecipados no site da Sympla (aqui) e na hora do evento na bilheteria da casa.

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MICHAEL MENESES – É o editor da Rock Press deste 2017, criador do Selo Cultural Parayba Records, fotojornalista desde 1993, foi fanzineiro nos anos 1980/90, jornalista e cineasta de formação, pós-graduado em artes visuais. Fotografa e escreve para diversos jornais, revistas, sites e rádios ao longo desses últimos 30 anos, também realiza ensaios fotográficos de diversos temas, em especial música, jornalísticos, esporte, sensual, natureza... Pesquisa, e trabalha com vendas de discos de vinil, CDs, DVDs, livros e outras mídias físicas. Michael Meneses é carioca do subúrbio, filho de pai paraibano de João Pessoa e de mãe sergipana de Itabaiana. Vegetariano desde 1996Em junho de 2021 foi homenageado na Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro pelo vereador Willian Siri (PSOL/RJ), com monção honrosa por iniciativas no audiovisual e na cultura suburbana. Torce pelo Campo Grande A.C. no Rio de Janeiro, Itabaiana/SE no Brasil e Flamengo no Universo. Atualmente, dirige o filme, “VER+ – Uma Luz chamada Marcus Vini, documentário sobre a vida e obra do fotojornalista Marcus Vini e realiza o Parayba Rock Fest.

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