Após 43 anos de carreira, o Sodom pode se orgulhar de ser uma das poucas bandas de Thrash Metal que nunca mudou ou se desviou de seu próprio caminho. São 4 décadas, 17 álbuns de estúdio, milhares de shows e um currículo inegavelmente 100% dedicado ao Metal rápido, cru, direto e visceral. Desse modo, se existe um nome na cena que não possui manchas ou deslizes, este nome é o Sodom. E tudo por conta da dedicação e boa administração de seu líder, baixista e vocalista, Tom Angelripper.
Após a chegada de “The Arsonist”, novo disco que será apresentado no próximo dia 27 de junho através do selo Steamhammer, Tom pretende desacelerar. O Sodom jamais esteve em hiato, jamais ficou longos períodos sem lançar álbuns e, agora, ele acredita que precisa tirar um tempo para si.
Em uma nova entrevista concedida a David E. Gehlke, do Blabbermouth, Angelripper falou sobre este momento novo e fez uma retrospectiva de tudo o que já fez desde o início do Sodom. Questionado sobre o single “Witchhunter”, em homenagem ao baterista original Christian “Witchhunter” Dudek, o músico falou abertamente sobre os estilos de vida, as escolhas pessoas dos artistas e como isto certamente pode terminar mal. Sobre sua abordagem na música e sobre se ainda sente falta de seu amigo, Tom foi honesto:
“Sinto muita falta dele. Ele está sempre presente. Lembro-me de quando fizemos o álbum de 40º aniversário, ’40 Years At War – The Greatest Hell Of Sodom’, e regravamos o material antigo, sempre falávamos sobre o Witchhunter. Nosso baterista, Toni Merkel, é um grande fã dele. Ele disse que gostava de gravar as partes do Witchhunter e tentava combiná-las com uma bateria moderna, mas ele está sempre presente. Então, tive a ideia de escrever uma música sobre ele. Ele era meu melhor amigo no começo, quando formamos a banda em 82. Passamos muito tempo juntos.
Depois, lembro-me de quando gravamos ‘The Final Sign Of Evil’ em 2007. Ele estava realmente deprimido. Tinha muitos problemas com álcool. Quando comecei a escrever uma música sobre ele, não queria descrevê-lo como um herói. Ele teve um grande impacto na cena Metal no início dos anos 80, mas sua vida foi tão trágica. Comecei a escrever uma música sobre ele e também tínhamos uma música sobre Algy Ward, do TANK, que era meu baixista e vocalista favorito, junto com Lemmy Kilmister, do Motörhead e Cronos, do Venom. É a mesma coisa. Ele era um grande herói e se foi. Sua vida também foi trágica por causa do abuso de drogas e álcool. Perdi muitos amigos por causa disso.”

Sobre “Obsessed By Cruelty”, Angelripper foi confrontado com a ideia que, mesmo acidentalmente, o Sodom deu origem a muitas bandas de Black Metal. A importância do produtor Harris Johns em virtude de ter feito o grupo evoluir em termos de produção também recebeu a atenção de Tom. Ele disse:
“Lembro-me da última vez que tocamos na Noruega. Nosso baterista e guitarrista Yorck Segatz estava na sala onde o antigo vocalista do Mayhem, Dead, se matou com uma espingarda. Havia uma casa de madeira que era o local de ensaio do Mayhem. Ele contribuiu para a história do Sodom. Ele era um grande fã daquele álbum, mas falamos sobre Harris quando o contratamos para ‘Persecution Mania’. Ele era o produtor. Ele nos ajudou. Ele disse: ‘Temos que verificar as letras. Temos que colocar outro riff de guitarra aqui. Temos que verificar os refrões aqui’. Ele produziu o álbum. Ele também disse: ‘Afinem suas guitarras. O tempo todo.’ Foi a primeira vez que trabalhamos com alguém realmente interessado na nossa música. Foi interessante fazer um bom produto, no final das contas, a gravadora… eles o pagaram. Eles queriam um bom produto. Isso fez do Harris um quarto membro da banda. Ainda mantenho contato com ele. Espero poder trabalhar com ele novamente.”
Sobre querer parar agora, Tom respondeu se já está realizado artisticamente assim como criativamente:
“Sou alguém que gravou tantos álbuns. Quando estou juntando todos os meus álbuns — Sodom, Onkel Tom, Dezperadoz e tantos outros projetos paralelos — fico muito orgulhoso deles. Lembro que passei muito tempo na música, especialmente depois da Covid. Tenho 62 anos. Quero passar tempo no palco. Quero passar tempo com a minha banda. É para isso que eu vivo, mas não quero perder tempo em aviões, aeroportos ou hotéis horríveis. Às vezes você tem que tocar no México. Você faz um show em um festival e viaja por dez dias. Tenho muito orgulho do meu catálogo de carreira. Eu consegui. Tenho muitos discos muito bons lançados, mas conversei com minha família e meu médico, e ele disse: ‘Você está em ótimas condições para sua idade. Agora, você precisa se acalmar um pouco’.
Não quero falar sobre síndrome de Burnout, mas preciso de uma pausa. Quero passar mais tempo com a minha família, com os meus bons e velhos amigos da escola e com as minhas paixões. Sou um caçador. Essa é a minha grande paixão. Tenho tantas coisas para fazer em casa. Conversei com a minha banda ano passado e disse a eles: ‘Quero desacelerar e fazer uma pausa’. Eles disseram: ‘A decisão é sua. Somos leais a você. Entendemos o que você quer dizer’. Agora é a hora certa. Tenho dois shows chegando, e farei toda a promoção do novo álbum, e depois isto acaba. Sei que a gravadora me disse: ‘Ok, vocês têm um novo disco lançado. Vocês precisam promovê-lo com shows ao vivo e festivais’. Sei que o momento é sempre desconfortável para todos os envolvidos na produção ou para a banda, mas é uma decisão pessoal minha.”
Sobre como Tom espera se sentir depois do último show do Sodom, ele disse:
“Veremos (Risos). Sei que vou sentir falta do palco. Vou sentir falta da banda. Estar no palco, gravando, ensaiando — é algo que eu realmente gosto.”
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