TMDQA! Entrevista: Dexter continua sua saga multimídia e promete documentário e discos novos em 2025
Dono de algumas das rimas mais contundentes do rap nacional desde os tempos de 509-E, passando por parcerias históricas com Mano Brown e Thaíde até uma consagrada carreira solo que acaba de completar 30 anos. É claro que estamos falando de Dexter, cantor que nunca se limitou a uma única forma de arte: ele tem projetos no cinema, televisão, teatro… e agora na podosfera!
O rapper paulistano comandou no finalzinho de 2024 o podcast Direito de Sonhar, em que conversou com ícones da luta social sobre emoções complexas e profundamente humanas, como saudade, ódio, justiça e amizade.
Para falar um pouco sobre o novo projeto, Dexter conversou com exclusividade com o TMDQA! e ainda revelou planos grandiosos para 2025, que incluem um documentário, um álbum de releituras de seus clássicos dos anos 2000 e um disco de inéditas, que será o primeiro desde Flor de Lótus (2016).
Confira abaixo esse papo na íntegra!
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Exclusivo: Dexter conversa com o TMDQA!
TMDQA!: O podcast “Direito de Sonhar” é uma baita ideia, principalmente por focar em sentimentos que têm várias faces, como a saudade, a esperança e a amizade. O que te fez refletir sobre essas emoções e como elas poderiam levantar discussões sobre justiça social e resistência?
Dexter: ‘Direito de Sonhar’ é um podcast que tem muito a ver comigo. Vejo nesse projeto um veículo de comunicação potente, onde podemos realmente nos expressar, fomentar discussões e levar para os ouvintes questões pertinentes que precisam ser discutidas.
A sociedade brasileira tende jogar nossos assuntos sempre para debaixo do tapete.
O slogan ‘bandido bom é bandido morto’ tá ai para quem quiser ouvir, para quem quiser repetir. As pessoas são incentivadas a isso pelos programas de TV que fomentam o medo com suas matérias sensacionalistas.
É obvio que o Brasil é um país violento, a desigualdade promove essa violência. A distribuição de renda não é honesta. Quem tem o poder da caneta não se importa com o trabalhador, com quem mora na favela, com quem é periférico, com os pretos, com os pobres, etc… Tudo isso gera uma dificuldade de compensação. Levando tudo isso em consideração, o ‘Direito de Sonhar’ é uma forma de discutir, de levar às pessoas que se importam com o futuro uma discussão sobre o assunto. Foi por esses motivos que aceitei apresentar o programa. A criação do podcast ficou por conta da Débora Gobitta e da Marina Lima juntamente com o pod360. Me sinto muito honrado em ser convidado para apresentar esse programa!
TMDQA!: Um dos episódios que mais chamou a nossa atenção foi sobre o ódio, com duas pessoas que já lidaram muito com isso, que são Drauzio Varella e Railda Alves. Você já sentiu muito ódio na sua vida? Quais lições mais aprendeu com os dois convidados?
Dexter: Poder entrevistar os dois foi maravilhoso! São pessoas que têm uma vasta experiência em vários campos da vida. Ouvir a Railda Alves, que tem o projeto Amparar e o Drauzio Varella, que doa boa parte do seu tempo em trabalhos na área da saúde dentro de prisões, foi um ensinamento e tanto. É muito bom saber que essas pessoas também querem e trabalham para que tenhamos transformações significativas para o bem no futuro.
Quanto a sentir ódio, infelizmente eu sinto ódio todo dia! Neste país, quem deveria dar segurança, joga pessoas de pontes, mata crianças de 4, 6, 12 anos… No Brasil, adolescente que rouba sabão líquido em supermercado é abatido na calçada com 11 tiros nas costas.
Políticos nos fazem de idiotas. O racismo que nos é aplicado todos os dias, mata! SIM, EU SINTO ÓDIO DESSAS COISAS TODOS OS DIAS!
TMDQA!: Você já era um entusiasta de podcasts antes? Como foi a sua preparação para liderar esse projeto, para conhecer os entrevistados, lidar com as câmeras, prazos e etc?
Dexter: Sim, sempre fui! Tenho amigos com projetos em podcast muito sérios. Através de podcasts a gente pode também passar a ter conhecimento. Quanto às câmeras, tenho boas histórias… Gosto de atuar, fiz ‘Pico da Neblina’, uma série da HBO. Nos palcos as câmeras também estão sempre presentes. Eu gosto disso! Minha preparação foi dizer pra mim mesmo que eu só preciso ser honesto, receber bem os meus convidados e deixar o coração falar. Essa é a receita em que eu acredito.
TMDQA!: Tem algum outro episódio do “Direito de Sonhar” que tenha deixado uma marca em você, e que gostaria de compartilhar aqui?
Dexter: O episódio ‘Liberdade’, com a Preta Ferreira e o Emerson Ferreira, foi muito libertador! Eu conheci o Emerson através do Doutor Jaime, um juiz que também me ajudou em relação ao meu trabalho dentro do presídio, e hoje o Emerson é advogado, depois de ter saído do cárcere ele foi estudar, e também participa da série ‘DNA do Crime’. Ele é um cara muito sábio, assim como a Preta, que ficou alguns dias dentro de um presídio por gritar por liberdade, por trabalhar em prol da liberdade.
Eles falaram muito bem sobre todas as situações que viveram, sobre esta caminhada de transformação e volta por cima. Eu diria que é um episódio muito libertador, em que debatemos as muitas coisas em comum entre nós três, sobretudo o cárcere. Então assistam que esta conversa está muito boa, não é só um bate papo entre amigos e sim uma troca de ideias entre pessoas que trabalham em prol do mesmo objetivo!
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Dexter promete novo álbum e documentário em 2025
TMDQA!: Mesmo em meio a projetos paralelos como o podcast, 2024 foi uma ano de muita música pra você. Quais são os planos musicais para 2025? Você pretende lançar um sucessor para o álbum Flor de Lótus (2016)?
Dexter: Este ano vem o meu disco novo, que já está quase pronto! A ideia era lançar em 2024, mas com uma agenda lotada, já que felizmente o nosso trabalho vem sendo notado por muita gente, não foi possível. Foram mais de 80 apresentações, entre shows e palestras. Quero aqui inclusive agradecer muito por isso. Agradecer aos fãs e também aos contratantes que tornam tudo isso possível. Para este ano lanço também um disco com releituras de músicas minhas dos anos 2000 e 2002. Na verdade esse projeto já tá pronto! Enfim, vem livro, vem documentário… 2025 promete!
TMDQA!: Como surgiu essa ideia de revisitar músicas que você escreveu há mais de 20 anos? Isso se relaciona com o livro e o documentário que vem por aí também?
Dexter: Esse projeto nasceu por vários motivos, porém minha independência artística é o maior deles. Eu busco e prezo por minha liberdade sempre. É difícil e de péssimo tom que haja pessoas querendo ser donas daquilo que é seu, daquilo que te pertence.
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