Roberto Barros revela porquê saiu da banda de Edu Falaschi, “já fiz essa turnê. Não faz sentido fazer essa turnê de novo, é uma história do Edu, de outros caras, de outro guitarrista”

Roberto Barros revela porquê saiu da banda de Edu Falaschi, “já fiz essa turnê. Não faz sentido fazer essa turnê de novo, é uma história do Edu, de outros caras, de outro guitarrista”
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Após alguns momentos realmente obscuros na carreira, o ex-vocalista do Angra, Edu Falaschi, conseguiu se reinventar nos últimos anos e lançou dois discos de estúdio muito bons, “Vera Cruz” (2021) e “Eldorado” (2023).

Muito do sucesso destes dois trabalhos passaram pelas intervenções cirúrgicas de Roberto Barros. O guitarrista virtuoso deixou todos os fãs embasbacados com seus riffs, solos e linhas impressionantes, além disso mostrou ser um ótimo compositor.

Infelizmente, Roberto resolveu se desligar da banda de Edu Falaschi antes da nova turnê de revival do álbum “Temple Of Shadows”, a segunda em seis anos. Edu comemorou os 15 anos do disco com uma turnê em 2019 e agora resolveu comemorar também os 20 anos da mesma obra com uma nova tour. Dessa forma, Barros se desligou da banda e foi rapidamente substituído por Victor Franco.

Foto: Mauri Matos Neto

Roberto Barros compartilhou um vídeo onde explica alguns dos motivos que o fizeram deixar a banda e o Mundo Metal transcreveu os trechos mais interessantes. Veja:

“Sendo direto ao ponto, gente, o motivo principal é que eu quero tirar um ano Off pra mim, um ano sabático. É um ano pra eu estudar absurdamente, isso é uma coisa que eu amo fazer, sempre amei, já de antes de estar na banda. E na banda, tem diversos relatos do Aquiles e de outros integrantes que eu estudava após o show, antes do show… então é uma coisa que eu amo fazer.

Além disso, quero fazer os meus trabalhos também. E entrando um pouco mais no motivo, pelo menos nos últimos 6, 7 anos, a gente não parou com a banda do Edu Falaschi. Eu não to reclamando, foram coisas que eu quis a minha vida inteira, mas eu tinha um papel diferente de todos os outros músicos, eu era o cara que estava ali, eu era o compositor junto com o Edu. Então, de certa forma, todos da banda sabem disso, eu era o cara que mais trabalhava ali depois do Edu.”

Rotina cansativa e projetos pessoais

Roberto mencionou a rotina cansativa para a composição, gravação e divulgação dos discos através de turnês, onde ele ficava muito tempo afastado da sua casa e o ciclo estava sempre recomeçando:

“Quando a gente compôs o ‘Vera Cruz’, a gente compôs em 1 ano e meio, com alguns hiatos no meio por conta da pandemia, mas foi em 1 ano e meio. Então eu passava todos os meses na casa do Edu, uns 20 dias, 22 dias, 15 dias, e assim foi durante todo o período de pré-produção, depois a mesma coisa no período do ‘Eldorado’, depois período de gravação, período de preparação pras tours. Enfim, a gente não parou nesses últimos seis anos e graças a deus fizemos coisas maravilhosas. Coisas que eu vou sempre me orgulhar, que eu vou sempre ser orgulhoso de ter contribuído absurdamente com a minha música e meu trabalho. Também serei sempre grato ao Edu e a toda a banda.”

Apesar da rotina estressante e de muito trabalho, Roberto Barros quer investir tempo nos seus próprios projetos.

Ele revelou que mesmo tocando com um artista renomado no Metal brasileiro como certamente é Edu Falaschi, a sua fonte de renda principal nunca veio da banda:

“Mas como eu disse, foram seis anos que eu não parei, a gente fez muita coisa e chegou um momento onde eu já vinha amadurecendo essa decisão no último ano, e chegou esse momento onde eu pensei, ‘eu to com 40 anos e eu ainda não fiz o meu disco solo, eu ainda não consegui terminar o meu disco com o Aquiles, tenho vários alunos, tenho minhas mentorias, tenho minha escola online que é a minha maior fonte de renda há mais de 10 anos, e tudo isso não está abandonado, mas está meio de lado’, porque quando eu entro em algo, eu sou psicopata mesmo, desculpem a palavra, mas eu vou pra fazer o melhor possível por aquele trabalho, e assim eu fiz dentro desses trabalhos do Edu Falaschi.”

Reprodução/Youtube

Mais uma turnê de ‘Temple Of Shadows’?

Roberto então mencionou um ponto crítico. E este sempre foi o foco de severas críticas feitas não apenas ao Edu, mas para outros músicos envolvidos no chamado Angraverso. Estamos falando desta necessidade de ficar revisitando os mesmos discos de sempre.

E convenhamos, são músicos com potencial enorme para gravar novas obras. Os dois trabalhos solo do próprio Edu são uma prova disso. Não sabemos se Roberto ficaria mais um pouco caso o foco atual fosse um trabalho de inéditas, mas o fato é que ele disse:

“Com isso, obviamente, você não consegue equilibrar tudo, então chegou o momento onde eu pensei, ‘preciso fazer as minhas coisas’, afinal, tenho 40 anos e preciso desenvolver minhas coisas também. E quando pintou essa nova turnê, pra mim foi o momento de decidir, foi onde tomei a decisão final, porque apesar de ser um disco que eu amo, que eu cresci ouvindo, acho que foi o primeiro disco que me impactou. Eu lembro que comecei ouvindo Angra, se pensar nessas bandas de Metal mais técnico. E o ‘Rebirth’ já tinha me impactado, mas quando chegou o ‘Temple Of Shadows’ foi aquele disco que eu falei, ‘cara, é isso que eu quero fazer’.

Eu amo o disco, mas eu já fiz essa turnê. Não faz sentido fazer essa turnê de novo, é uma história do Edu, de outros caras, de outro guitarrista. E eu pensei, ‘bom, acho que agora é o momento que eu posso ir e construir um pouco da minha história também’.”

O guitarrista ainda mencionou o fato que tudo isso que ele viveu foi um sonho. E que de repente a renúncia dele vai realizar o sonho de outro guitarrista:

“Vai ser o momento que eu vou fazer as minhas coisas, vou compor o meu disco, vou estudar absurdamente, eu tenho uma meta de onde eu quero chegar tocando, uma meta de coisas que eu quero fazer no tempo de um ano.

Esse era o momento, a vida é feita de ciclos, o ciclo que eu estou agora não é o mesmo ciclo de um garoto de 25 anos ou de um cara de 30 ou de um outro garoto de 20 que não viveu essas coisas. Eu sei o quanto as pessoas sonham com isso, a beleza da vida é essa, de repente de uma renúncia minha, vira uma bencão na vida de outra pessoa. E eu tenho certeza que tá sendo a benção do Victor Franco que tá entrando no meu lugar e vai viver tudo isso que eu vivi nos últimos 8 anos.”

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